Resumo: Os melhores são enviados para avaliação de um corpo técnico em período anterior à Feira do Livro. Em cada categoria três são escolhidos. São quatro categorias. E durante a Feira do Livro cada autor defende seu texto no Sarau Literário.
Como podemos aferir se a leitura está trazendo impactos para a vida estudantil dos leitores mirins? A cada ano, os estudantes das redes municipal e estadual são instigados a escreverem textos para o concurso literário municipal. Passam por análises dentro da escola. Os melhores são enviados para avaliação de um corpo técnico em período anterior à Feira do Livro. Em cada categoria três são escolhidos. São quatro categorias. E durante a Feira do Livro cada autor defende seu texto no Sarau Literário. Em 2019 essa atividade aconteceu no segundo dia de Feira do Livro, dia 02 de outubro, no Parque Jorge Kuhn. O secretário de Educação e Cultura, professor Marcelo Marin, conduziu as apresentações. O corpo de jurados foi composto pelas professoras Patrícia Rosina Stoffel Hansen, Greisi Fabiane Jung e Marli Schmitt, pela escritora Kênia Colares e pela fonoaudióloga Marliese Christine Simador Godoflite. Estes tiveram que avaliar a qualidade dos textos e a interpretação dos seus autores. Enquanto os jurados faziam a contagem dos pontos alunos da Escola Estadual Décio Martins Costa fizeram duas apresentações de danças para o público.
Abaixo como ficou a classificação em cada categoria.
Categoria A
1º Lugar e melhor intérprete Mikael Kuhn com o texto “Nosso Município”
2º Lugar Manuela Justen Cezar com o texto “Lírio”
3º Lugar Laura Helena Wedig com o texto “Lugar onde Moro”
Categoria B
1º Lugar Gabrielle Enzeweiler dos Santos com o texto “Tina”
2º Lugar Marina Vitória Machado com o texto “Apenas continue tentando”
3º Lugar e melhor Intérprete Anna Beatriz Benke de Souza com o texto “Um jeito diferente de lavar as roupas”
Categoria C
1º Lugar e Melhor Intérprete Diana Portes de Oliveira com o texto “ Quem somos nós na sociedade”
2º Lugar Giovanna Jaskulski Nienwinski com o texto “ O jovem protagonista do futuro”
3º Lugar Luísa Carolina Werle “ O verdadeiro eu na sociedade”
Categoria D
1º Lugar e melhor Intérprete Elena Raquel Benke de Souza com o texto “ (Des) Importância da leitura”
2º lugar Nicole Rückert com o texto “ O primeiro passo para o progresso”
3º lugar Roger Prates Nobles com o texto “ As raízes de toda história”
OS TEXTOS CAMPEÕES
Categoria A
Nosso Município
Picada Café, lugar onde nasci
Aqui eu cresci
E pretendo ficar
Porque aprendi a amar.
Nosso município, nosso paraíso.
Aqui tem tudo que eu preciso.
Prioridade em Saúde,
Educação que não mude.
Agricultura em crescimento,
Nas obras sempre atentos.
As soberanas com seus lindos vestidos
Encantam nossos dias festivos.
No Parque Jorge Kuhn
Temos a Festa do Café, Cuca e Linguiça.
Lá tem muita dança,
Que espanta a preguiça.
Eu moro no Bairro Centro
Onde passa o Arroio Isabella.
Nossa linda cidade
Está cada dia
Ficando mais bela!
Texto de Mikael Kuhn
Categoria B
Tina
Morte. Acontece com todo mundo. Vai acontecer comigo e com você também. É inevitável. Inevitável até para Tina Gabriele Einzweiler, minha mãe, que no dia 6 de fevereiro de 2018, aos 38 anos, caiu nas mãos do inevitável, a morte.
Eu tinha 10 anos de idade quando minha mãe adoeceu. Meus pais mantiam tudo em silêncio, me levando a crer que não se tratava de uma doença grave, além de que, minha mãe apresentava um semblante saudável. Mas aprendi a não julgar um livro pela capa, pois um livro é o que é graças as suas páginas, e as páginas de minha mãe estavam aos poucos se rasgando.
Chama-se câncer. Um dos maiores assassinos do mundo, o qual Scherlock Holmes não investigou. Essa doença assassinou minha mãe, e ocasionou uma serie de lembranças às quais eu preferia esquecer.
Lembro-me de quanta esperança que eu tinha.
Lembro-me dos médicos apontando um por cento de chance de cura.
Tenho na memória a imagem dos médicos estupefatos ao testemunharem um ano milagroso de vida, vida que já deveria ter acabado. Recordo-me de minha mãe se desculpando por estar doente, por não poder preparar o almoço para a família, das noites em que ela não dormia. De passar dias na casa da minha avó, de ouvir a voz de minha mãe, somente pelo telefone.
Ao visitá-la no hospital, dois dias antes de dormir para sempre, dei a ela uma boneca de algodão com uma cabeça de rolha, que eu havia feito na noite anterior.
Lembro-me de um telefonema, “Gabi, tua mãe faleceu!”
Escondi-me debaixo de uma mesa, encolhi minhas pernas e baixei a cabeça. Afogando-me em próprias lágrimas, buscando em meio a meus soluços, algum tipo de conformidade.
Depois de tratamento, cirurgias, de tanta dor, lembro-me de minha mãe em um caixão... Lembro-me de ir até à sua praia predileta, e como ela havia pedido, jogar as cinzas dela no mar de Santa Catarina.
Minha mãe sempre dizia: “Dorme que passa”. Agora ela está dormindo, e tudo passou, tudo passou é maneira de dizer, a saudade permanece!
Em memória de Tina Gabriele Einzweiler – a pessoa mais extraordinária que esse mundo já viu.
Texto de Gabrielle Enzeweiler dos Santos
Categoria C
Quem somos nós na Sociedade?
Talvez seja difícil dizer o motivo pelo qual os jovens não se preocupam com a nossa sociedade. Comparando a juventude atual com os jovens das gerações passadas e levando em consideração toda a informação que temos em nossas mãos, deveríamos ser muito mais engajados. No entanto, somos acomodados e indiferentes com assuntos que não nos beneficiam ou não nos atingem diretamente.
Infelizmente, nós jovens, não exercemos um papel muito ativo na sociedade. Apesar do nosso descontentamento com a situação atual do país, não procuramos transformá-la e não demonstramos preocupação.
Hoje em dia temos o mundo em nossas mãos graças à tecnologia, mas em vez de usarmos para adquirir conhecimento, na maior parte do tempo, consumimos conteúdo irrelevante para o nosso crescimento e formação.
Por outro lado, o que me deixa mais decepcionada é estar ciente de que o futuro depende de nossas ações. Somos nós jovens que precisamos fazer a diferença na sociedade para construir com um país melhor e mais justo. No entanto, a maior parte da geração atual não está preparada para tamanha responsabilidade.
Já dizia o provérbio oriental: “Tempos difíceis criam homens fortes, homens fortes criam tempos fáceis. Tempos fáceis criam homens fracos, homens fracos criam tempos difíceis”.
Por isso tudo, devemos começar a alimentar a ideia de que daqui a alguns anos, nós estaremos dirigindo o mundo e então daremos os primeiros passos em direção à transformação.
Texto de Diana Portes de Oliveira
Categoria D
A (des)Importância da Leitura
Numa época sombria, onde cada vez mais a fumaça nos cega, vislumbramos, de olhos ardidos, um país onde a leitura não é importante.
Não é importante. Por inúmeros fatos, mas principalmente porque ela nos faz pensar.
Pensar nos faz questionar, criticar, nos tira da posição de conformados, faz com que não aceitemos aquilo que nos é imposto como verdade, quando discordamos disso.
Talvez por tal fato, cada vez mais são feitos cortes de verbas ao incentivo à leitura, educação e cultura, práticas as quais nos fazem pensar fora da caixa. Qual é o governo que gosta e seus opositores? Portanto, mais fácil impedir com que apareçam, não é?
Quem lê se opõe. Quem lê percebe as injustiças quando ocorrem, quem lê deixa de agir mecanicamente e começa a notar em seu entorno.
Quem lê protesta e move mudanças.
Leitura é informação, quem lê se intera dos fatos que ocorreram do outro lado do mundo apenas com um jornal em mãos. Ela nos faz conhecer um lado que desconhecíamos, e não falo nem de imaginação, mas de senso crítico, analítico, da capacidade de avaliar não só os nossos atos, mas de quem nos governa nessa falsa hierarquia onde no topo se encontram os mais pobres. Pobres de conhecimento.
Conhecimento, que também é fruto da (des)importante leitura, a qual deveria ser muito mais valorizada.
Munidos de bombas de informação, a arma mais temida por alguns, devemos sacudir as cinzas que pairaram sobre nossos ombros e dizer “não”. Somos jovens e não aceitamos que tenhamos um futuro prejudicado por decisões errôneas de alguns.
Quem lê grita. Gritemos!
Texto de Elena Raquel Benke