Obesidade Infantil

Vimos, então, que 1 em cada 3 crianças de Picada Café está acima do peso. A que podemos atribuir esta realidade? Hoje, vamos destacar alguns dos fatores responsáveis para refletirmos.

O primeiro fator é a própria alimentação: os hábitos alimentares da nossa população mudaram muito ao longo do tempo. Muitas são as causas destas mudanças, porém hoje vamos destacar o forte apelo da indústria de alimentos e da propaganda pesada desses produtos alimentícios. Ao longo das últimas décadas inserimos na nossa rotina, muitas vezes ainda nos primeiros anos de vida, alimentos industrializados processados e ultraprocessados, que são ricos em açúcar, gorduras ruins, sódio e muitos outros aditivos que os tornam desequilibrados nutricionalmente. Hoje para muitas famílias é comum o consumo de produtos industrializados como biscoitos doces ou salgados, iogurtes não naturais, embutidos como salsicha e mortadela, refrigerantes, massinhas instantâneas, doces, guloseimas e outros tantos produtos preparados pela indústria com uma lista enorme de ingredientes, os quais muitas vezes nem conhecemos! Estes alimentos são ricos em calorias, porém pobres em vitaminas e minerais, o que tem prejudicado a saúde da população em geral. Somando-se a isso, o ritmo de vida acelerado das famílias favorece para que se busque, cada vez mais, uma alimentação rápida e prática. Assim, o hábito de cozinhar para se fazer refeições coloridas e nutritivas em família muitas vezes dá espaço para o consumo de alimentos rápidos que são nocivos à saúde, o que contribui fortemente com o aumento da obesidade em todas as faixas etárias.

Questões sociais: É importante refletirmos sobre como a questão econômica pode estar impactando na qualidade da alimentação que chega à mesa das nossas crianças. Nos últimos anos, com a perda do poder de compra que atinge muitas famílias, a fartura deu espaço para troca de alimentos nutritivos e frescos, que se tornaram mais caros, por alimentos de menor valor nutricional e mais baratos. Podemos citar a troca de verduras e frutas frescas por bolachas, massas e pães, por exemplo. Dessa forma, também se entende que a qualidade da alimentação das crianças está sendo prejudicada não apenas pelas suas escolhas alimentares, mas também pelo poder de compra que possuem.         

Hábitos de vida: a pouca prática de atividade física também influencia no excesso de peso. Se fizermos uma reflexão sobre o modo como as crianças são cuidadas hoje em dia, lembramos que antigamente brincávamos muito na rua. Entretanto, é consenso que a rua é considerada por muitos como um lugar perigoso para deixarmos os pequenos brincando e gastando energia. Para protegê-los, muitas vezes os pais os mantêm em casa, fortalecendo atividades sedentárias como televisão, celular e videogame como forma de distração. Assim, o gasto energético torna-se menor, favorecendo o ganho de peso das crianças.

Organização da rotina: A vida é feita de prioridades: para uma alimentação adequada e equilibrada precisamos de organização. Organizar as compras, o preparo, fazer escolhas saudáveis e administrar o tempo. Caso pense que não tem tempo para preparar uma refeição, talvez no seu tempo você não tenha prioridade de fazer essa atividade, algo é mais importante que isso. Então, temos que ver em que posição a saúde está para os nossos valores pessoais: ela é importante? Se sim, a alimentação e o exercício físico deveriam ser prioridades em sua vida familiar.

Texto: Grupo de Trabalho do PROTEJA: nutricionista Gabriela Betemps, nutricionista Daiane Ternus e psicóloga Morgana Justen.